Pesquisa aponta substância cancerígena em sete refrigerantes
Um teste com 24 marcas de refrigerantes detectou a presença de benzeno em sete bebidas, segundo a Associação de Defesa do Consumidor — ProTeste. O benzeno é uma substância cancerígena que aparece nos refrigerantes, como resultado da combinação do ácido benzóico, um conservante com vitamina C.
Fernanda Ribeiro, pesquisadora dos alimentos da Associação, diz que das sete marcas, cinco ficaram dentro do limite aceitável, seguindo a regulamentação que fiscaliza o nível desta substância na água mineral no Brasil, que é abaixo de 5 microgramas por litro. Outras duas marcas ultrapassaram esta medida: a Fanta Laranja Light, na qual foi encontrada 7,5 microgramas, e a Sukita Zero, com 20 microgramas de benzeno.
“O que solicitamos é que as empresas substituam o ácido benzóico da sua fórmula para que a reação não ocorra”, argumenta. A técnica ainda acrescenta que, nos refrigerantes de laranja e na marca Grapette, foram encontrados dois corantes impróprios para as crianças. Um destes, o amarelo tartrazina, presente no Grapette, pode causar alergias. Já o amarelo crepúsculo, encontrado nas versões da Fanta e da Sukita, causa hiperatividade e, por isto, é proibido em vários países europeus.
Outro ponto de alerta do teste é para os hipertensos. A presença de sódio nos refrigerantes pode agravar o problema ou desenvolvê-lo em pessoas saudáveis. Segundo a pesquisadora Fernanda Ribeiro, o Dolly Cola Diet possui 31% deste elemento na sua composição e a Aqua Zero Açúcar 29%.
Crianças - para a ingestão dos refrigerantes, as análises da ProTeste levaram em conta crianças de quatro a seis anos, em média com 20 quilos, e adultos de 70 quilos. A Associação não recomenda o consumo deste tipo de bebida por crianças abaixo desta idade.
Este caminho não foi seguido por Leonardo Santana, cinco anos, que começou a beber refrigerante aos quatro anos. Sua mãe, Maria Auxiliadora, conta que quando ele começou a entender o que era refrigerante e a pedir ficou difícil controlar. “Nós temos o hábito de beber refrigerante. Ele acabou adquirindo este hábito nosso“, diz.
A mãe diz que dá a bebida, no máximo, duas vezes por semana, e aos sábados e domingos. “Já na escolinha é suco todos os dias e durante os lanches da tarde também”, salienta. Ela também já tentou fazer com que ele compreenda que a bebida não é boa para a sua alimentação, mas diz que não chega a proibir de vez. “Até porque acho que o erro está na gente. O correto seria que diminuíssemos a nossa quantidade. Mas hoje, já percebo que ele gosta”.
Além dos problemas encontrados, Fábio Rodrigo dos Santos, nutricionista e conselheiro do Conselho Regional de Nutricionistas, alerta que os refrigerantes possuem calorias vazias, já que não oferecem nenhum nutriente para o organismo.
Segundo o especialista, estudos indicam que consumir mais de uma latinha por semana já aumenta o risco de diabetes e hipertensão de 25% a 30% em adultos. “Por conta da alta presença de fósforo, o organismo deixa de absorver o cálcio, o que pode causar osteoporose nas mulheres e má formação dentária e óssea nas crianças”, acrescenta o especialista.
Também não é recomendável que as crianças comecem a ingerir bebidas gaseificadas antes dos seis anos. Para o nutricionista, antes desta fase a capacidade gástrica delas é pequena, e a ingestão destas bebidas pode substituir outra refeição. “Se for para consumir, que seja de uma forma esporádica”.
Em resposta ao A TARDE, a AmBev, responsável pela Sukita, diz: “A AmBev informa que não teve acesso à pesquisa e, portanto, não pode comentar. A companhia reforça que trabalha sob os mais rígidos padrões de qualidade e em total atendimento à legislação brasileira”, informa em nota. A assessoria, responsável pelos refrigerantes da Pepsi, diz que a empresa não irá se posicionar, já que não houve nenhum problema grave.
A assessoria da Coca-Cola, responsável pela Fanta, informou que a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes respondeu pela empresa: “A posição de diversos órgãos internacionais é que o benzeno em bebidas não constitui um problema de saúde pública e que o ser humano se encontra muito mais exposto a este componente pelo próprio ar”.
Fonte: A Tarde - por Luciana Rebouças